quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O coronel aposentado Ferreira foi condenado a 23 anos por mandar matar o Juiz Alexandre Martins em Vila Velha, na Grande Vitória.-ES

 

Marcelo Cunha falou por telefone com G1 sobre o julgamento histórico.
Ferreira foi condenado a 23 anos por mandar matar e Calú foi absolvido.

Do G1 ES
“Foi uma experiência muito prazerosa, embora cansativa”, disse o juiz Marcelo Soares Cunha ao G1, nesta terça-feira (2). O magistrado conduziu os sete dias de julgamento no caso dos acusados de mandar matar o juiz Alexandre Martins, em Vila Velha, na Grande Vitória.
Juiz Marcelo Soares Cunha (Foto: Juirana Nobres/ G1)Juiz Marcelo Soares Cunha (Foto: Juirana Nobres/ G1)
O coronel aposentado da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira, foi condenado a 23 anos de prisão. Ele pode recorrer em liberdade. Já o ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, foi absolvido. A sentença foi anunciada pelo juiz Marcelo Soares Cunha, no sétimo dia de júri, à 0h20, desta segunda-feira (31), no Cineteatro da Universidade de Vila Velha.
Após 12 anos da morte do juiz Alexandre Martins, o julgamento de Ferreira e Calu começou na segunda-feira (24). A vítima tinha 32 anos e quase cinco de carreira no magistrado capixaba quando foi executada a tiros, no dia 24 de março de 2003. Desde 2002, o juiz investigava ações do crime organizado e havia denunciado irregularidades no sistema carcerário capixaba.
Julgamento histórico
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo considerou que o caso do juiz assassinado entrou para a história da Justiça Capixaba.
Antes de proferir a sentença dos réus Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, e do coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira, o magistrado falou sobre a necessidade de pacificação dos seres humanos e encerrou sua fala com a oração de São Francisco. Mais que celebrar o fim dos trabalhos, o juiz Marcelo Soares Cunha fez um apelo por serenidade.
Ao todo, foram mais de 90 horas de trabalho e onze testemunhas - duas de acusação e nove de defesa - ouvidas pelo Conselho de Sentença. Com base em todos os documentos e depoimentos apresentados, os jurados decidiram por absolver um dos réus e condenar o outro. As duas decisões ainda são passíveis de recurso.
Por telefone, nesta terça-feira (1), o juiz Marcelo Soares Cunha falou sobre o julgamento. “Foi uma experiência muito prazerosa, embora cansativa”, se limitou em dizer. Ele também disse que agradeceu as orações que solicitou ao auditório no primeiro dia de trabalho. “Eu agradeci as orações durante o julgamento”. O juiz Marcelo acrescentou que o momento ainda não é oportuno para falar sobre o júri.
Magistrado
A decisão de marcar o julgamento foi do juiz Carlos Henrique C. de Pinto, assinada no dia último 30 de outubro. A definição exata do dia da audiência esbarrou em algumas dificuldades. A principal delas foi encontrar um juiz que assumisse o caso.
A juíza Paula Cheim, que há menos de um mês deixou a 4ª Vara Criminal, apresentou em abril seu impedimento para julgar o processo, com o argumento de “questões de foro íntimo”. O mesmo caminho já tinha seguido a juíza Ana Amélia Bezerra, atual titular da Vara onde tramita o processo.
Primeira audiência
Uma primeira audiência foi marcada para o dia 25 de maio, após nove juízes das varas criminais de Vila Velha se considerarem impedidos de julgarem o caso. Em entrevista à rádio CBN Vitória, o professor de Direito Júlio Pompeu explicou que os impedimentos podem acontecer por diversas formas.
"Existem casos de impedimento legal: quando você é parente, envolvimento com caso ou causa semelhante. Tem outro elemento que é motivo de foro íntimo: se o juiz não se sente à vontade para julgar, ele está autorizado a se declarar incompetente. Aqui, eu acredito que o fato é que tem juiz de um lado e juiz de outro. Muita gente não se sente confortável com essa história toda", explicou.
Diante da situação, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJES) decidiu indicar o magistrado Marcelo Soares Cunha para conduzir o processo. Em 2014, Soares havia assumido como juiz auxiliar da 4ª Vara Criminal de Vila Velha, que é Privativa do Júri Popular.
De acordo com o TJES, Soares é juiz titular da 2ª Vara Criminal de Cariacica e tem larga experiência em Júri Popular. Ele é magistrado desde 1992 e sempre atuou em Vara Criminal em diversas Comarcas do Estado. Por 5 anos foi titular da Vara Privativa do Júri de Vitória (1ª Criminal) e desde 2013 é titular da 2ª Vara Criminal de Cariacica.
Ferreira e Calú  se cumprimentam na chegada ao júri (Foto: Juirana Nobres/ G1)Ferreira e Calú se cumprimentam na chegada ao júri (Foto: Juirana Nobres/ G1)
Sétimo dia - A sentença
Ferreira foi condenado pelo crime de homicídio, por mandar terceiros matarem o juiz Alexandre Martins, e por formação de quadrilha. "O resultado é triste, mas saio de cabeça erguida. Não mandei matar o juiz Alexandre Martins. Esse é um erro processual", disse o condenado.
O advogado Leonardo Gagno, que defendeu Calu, acredita na inocência de Ferreira."Nossa intenção era provar que a história que envolvia o Calu era mentirosa. Acho que o Ferreira é inocente, mas não vou falar mais para não misturar as coisas", comentou.
O advogado de Ferreira, Francisco de Oliveira, afirmou que vai recorrer da condenação do policial aposentado.
Sexto dia - Os réus
O 6º dia de julgamento foi marcado pelo interrogatório dos réus do processo, o coronel aposentado da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira e o ex-policial civil e empresário, Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu. Ferreira foi o primeiro a ser ouvido e se disse inocente pela morte de Alexandre. Por volta das 15h50, começou o depoimento de Calu. Ele contou que foi aluno da vítima e acalmava a “briga de vaidades” entre os juizes Alexandre e Leopoldo.
Coronel Ferreira e Calú, no sétimo dia de júri (Foto: Letícia Cardoso/ Gazeta Online)Coronel Ferreira e Calu, no sétimo dia de júri
(Foto: Letícia Cardoso/ Gazeta Online)
Quinto dia - A alternância
No quinto dia de julgamento, foi a vez do advogado Antonio Franklin Cunha depor. Testemunha do ex-policial civil e empresário, Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, o magistrado foi um dos mais esperados pelo júri. No início do processo, ele atuou como assistente da acusação, contratado pelo pai da vítima, mas depois passou a defender a tese de latrocínio. Cunha chegou às 7h30, desta sexta-feira (28). "Eu não posso falar por determinação do juiz", limitou-se a dizer.
Quarto dia - O perito
O delegado André Cunha e o perito Mauro Nadvorny, testemunhas arroladas pelo réu Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, foram ouvidos no júri do caso Alexandre Martins nesta quarta-feira (26), no Cineteatro da Universidade Vila Velha. O delegado disse que, enquanto presidia o inquérito, não conheceu nenhum elemento de vinculação dos acusados com o crime de mando. Já o depoimento do perito foi marcado por contradições e por uma "acalorada" discussão durante as perguntas dos promotores do Ministério Público. A sessão foi encerrada por volta das 19h.
Terceiro dia - Os executores
Os dois condenados pela execução do juiz Alexandre Martins testemunharam no júri dos acusados de mandar matar o magistrado, nesta quarta-feira (26), no Cineteatro da Universidade de Vila Velha. Em um depoimento com mais de 5 horas de duração, Odessi Martins, o Lumbrigão, reafirmou que foi torturado para confessar que o crime foi de mando. Já Giliard Ferreira, o Gi, entrou em contradição durante o julgamento.
Segundo dia - A contradição
O segundo dia de julgamento não começou muito bom para o coronel da reserva da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira. As primeiras testemunhas que prestaram depoimento ou entraram em contradição ou não puderam fazer seus relatos.
Primeiro dia - O amigo
No primeiro dia de júri, três testemunhas de acusação e duas de defesa faltaram ao julgamento. Entre os depoentes, o juiz Carlos Eduardo Lemos, amigo da vítima, deixou de ser testemunha e foi considerado informante, após pedido de impugnação. Sete pessoas fazem parte do corpo de jurados, cinco homens e duas mulheres. O auditório do Cineteatro da Universidade de Vila Velha ficou lotado de estudantes de Direito e curiosos. O julgamento teve um atrasa de mais de duas horas, para começar.
Testemunhas
Ministério Público
Danilo Bahiense
Carlos Eduardo Ribeiro Lemos
Calu
Mauro Juarez Nadvorny
Andre Luiz Cunha Pereira
Odessi Martins da Silva Junior
Giliard Ferreira
Antônio Franklin Cunha
Coronel Ferreira
Neucimar Ferreira Fraga
Júlio Cesar Lugato
Luiz Sérgio Aurich
Réus
Coronel Ferreira
Calú
conheça os envolvidos no caso do juiz alexandre martins
Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão (Foto: Arquivo/ TV Gazeta - 21/04/2003)
Odessi Martins da Silva, o Lombrigão
Condenado a 25 anos e oito meses, pela execução

Assassino confesso do juiz Alexandre Martins prestou depoimentos contraditórios. Em um vídeo gravado pela polícia, Lombrigão disse ter se tratado de crime de mando (veja o vídeo). Na presença do advogado, ele negou o depoimento e disse que estava sob ameaça dos policiais.

Está na Penitenciária de Segurança Máxima I, em Viana.
Giliarde Ferreira de Souza (Foto: Arquivo/ TV Gazeta)
Giliarde Ferreira de Souza, o Gi
Condenado também pela execução do juiz, a 24 anos e seis meses de detenção.

Recebeu benefício da Justiça e está em liberdade desde 23/12/2010.
André Luiz Tavares, o Yoshito (Foto: Arquivo/ A Gazeta)
André Luiz Tavares, o Yoshito
Condenado a oito anos e quatro meses de prisão, em regime semiaberto

Ele emprestou a motocicleta usada no crime aos assassinos.

Recebeu benefício da Justiça e está em liberdade desde 25/08/2006.
Leandro Celestino de Souza, o Pardal (Foto:  Nestor Muller/ A Gazeta - 2014)
Leandro Celestino de Souza, o Pardal Condenado a 15 anos e dois meses de prisão, em regime fechado

Ele emprestou a pistola 765, usada no crime.

Recebeu benefício da Justiça e está em liberdade desde 15/10/2010.
Heber Valêncio, sargento da Polícia Militar (Foto: Nestor Muller/ A Gazeta - 26/10/2005)
Heber Valêncio, sargento da Polícia Militar
Condenado a 20 anos e três meses de reclusão

Responsável por intermediar o crime.

Recebeu benefício da Justiça e está em liberdade desde 16/09/2009.
Ranilson Alves da Silva, sargento da Polícia Militar (Foto: Arquivo/ A Gazeta)
Ranilson Alves da Silva, sargento da Polícia Militar
Condenado a 15 anos de prisão

Responsável por intermediar o crime.

Está preso no Quartel da Polícia Militar, em Vitória.
Fernandes de Oliveira Reis, o Fernando Cabeção (Foto: Arquvo/ A Gazeta)
Fernandes de Oliveira Reis, o Fernando Cabeção
Condenado a 23 anos de prisão

Responsável por intermediar o crime.

Está na Penitenciária de Segurança Máxima II, em Viana.
Claudio Luiz Andrade Baptista, Calú (Foto: Arquivo/ TV Gazeta)
Cláudio Luiz Andrade Baptista, Calú
Absolvido

O ex-policial civil foi acusado de mando no crime do juiz e também é suspeito de envolvimento em um esquema de agiotagem e uso de detentos para cobrança de dividas.

Calú chegou a ser preso depois do assassinato de Alexandre, mas foi solto meses depois após conseguir um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF).
Walter Gomes Ferreira, o coronel Ferreira (Foto: Arquivo/ TV Gazeta)
Walter Gomes Ferreira, coronel da reserva da Polícia Militar
Condenado a 23 anos de prisão

Apontado como um dos mandantes, ficou em prisão preventiva por três anos. O coronel também responde por formação de quadrilha e envolvimento em um suposto esquema de utilizar detentos para a cobrança de dívidas.

Antonio Leopoldo Teixeira, juiz aposentado (Foto: Arquivo/ TV Gazeta)
Antonio Leopoldo Teixeira, juiz Leopoldo
Aguarda julgamento

Juiz aposentado, Leopoldo é acusado de ser um dos mandantes do crime. Ele também respondeu a um processo administrativo e a um processo penal referente a denúncias de irregularidades cometidas no período que estava à frente da Vara de Execuções Penais de Vitória.

Não há previsão para o julgamento do juiz.


Fonte:G1
 
 

Um comentário:

  1. Esse governo Federal de Dilma, é muito inresponsavel não se pronunciou sobre tanto crime que vem a correndo no Brasil, principalmente o crime organizado. Mas foi se preoculpar com um Brasileiro traficante na indonésia não tem coragem falar a verdade

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