Durante depoimento ao Juiz Francisco Eduardo Guimarães, titular da
14ª Vara da Justiça Federal, nesta segunda-feira, 9, o ex-deputado e
ex-presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves (MDB) voltou a
negar qualquer envolvimento em várias acusações a ele imputadas no
âmbito da Operação Manus. E aproveitou para lamentar o que qualificou
como “criminalização da política”, que seria, segundo Henrique,
“prejudicial à democracia”.
A Operação Manus, como ficou conhecida
a denúncia de suposta lavagem de dinheiro e organização criminosa,
também envolve o ex-presidente da Câmara dos Deputados imediatamente
posterior a Henrique, Eduardo Cunha (MDB). Sobre Cunha, que o sucedeu na
presidência da Câmara dos Deputados, Henrique o definiu como “amigo
verdadeiro” e voltou a chorar durante algumas passagens do depoimento,
que teve início às 9h20m sem hora para terminar.
Atualmente o
ex-ministro está em prisão domiciliar, após ter passado quase de 11
meses detido na Escola da Polícia Militar, em Natal. Ao longo da oitiva,
Henrique respondeu longamente à maioria das questões propostas pelo
Juiz Francisco Eduardo Guimarães, negando todas as acusações a ele
imputadas pelo Ministério Público. Entre elas, a de que teria agido
junto ao Tribunal de Contas da União para que o BNDES liberasse as
parcelas para a construção do estádio Arena das Dunas.
O juiz quis
saber se procedia a versão segundo a qual Henrique teria dito que iria
“pra cima” do TCU para resolver o problema e teve como resposta que
todos os Ministros do órgão foram relacionados pela defesa do
ex-deputado para desmentir essa versão.
Depois, Henrique passou a
negar sistematicamente recebimento de contribuições de campanhas das
empreiteiras OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez em atenção a
“contrapartidas” negociadas com as empresas em questões pontuais ligadas
à privatização de aeroportos, às obras da Arena das Dunas, ao porto de
Maravilha, no Rio, operações ilícitas que teriam rendido repasses para
as campanhas do ex-deputado superiores a R$ 5 milhões.
No último
dia 4, Henrique virou réu em um processo que apura se ele lavou dinheiro
ilícito desviado de uma obra do Rio de Janeiro conhecida como Porto
Maravilha para uma offshore e, desta, para contas em paraísos fiscais. A
decisão é do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal
Criminal do Distrito Federal.
O Juiz também quis saber da
participação de Henrique na tentativa da Odebrecht de obter do então
candidato ao governo do RN, em 2014, privatização da Caern caso fosse
eleito. Para todas as questões, ele alegou que ouviu as demandas, mas
jamais se comprometeu com elas.
E sobre os recursos recebidos à
título de doação de campanha, afirmou que todas elas foram legais e
registradas, envolvendo uma coligação de 17 partidos que o apoiavam na
sucessão para o governo do RN.
À certa altura, Henrique afirmou
que dedica “todo respeito e paciência democrática” às interpretações do
Ministério Público e condenou a generalização “criminosa” que vem sendo
dado à política.
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