segunda-feira, 17 de junho de 2024

Quem eram os acusados de planejar sequestro e morte de Moro que foram assassinados em penitenciária

 

Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, ambos de 48 anos, eram chefes de núcleo de facção criminosa, segundo investigações da PF.

Por Rodrigo Pereira, João Alvarenga, Bárbara Munhoz, Mariana Gouveia, g1 Piracicaba e Região

 


Janeferson Aparecido Mariano, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Re, foram mortos em Presidente Venceslau (SP) — Foto: Reprodução
Janeferson Aparecido Mariano, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Re, foram mortos em Presidente Venceslau (SP) — Foto: Reprodução

Os dois presos acusados de integrar um plano criminoso para sequestrar e executar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e outras autoridades, que foram assassinados a facadas, na tarde segunda-feira (17), eram chefes de um núcleo do alto escalão de uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios, segundo a Polícia Federal.

Eles foram mortos na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2, em Presidente Venceslau (SP).

Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, haviam sido presos em março de 2023, durante a Operação Sequaz, que investigou o plano elaborado pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) contra os agentes públicos.

O núcleo no qual eles eram chefes era chamado de Restrita 05, de acordo com investigações da PF.

A seguir, entenda quem eram e qual era a participação dos dois na organização criminosa:

Nefo


Chefia de Nefo era percebida pelo "desfrute de bens de alto poder aquisitivo", aponta apuração da PF — Foto: Reprodução/ PF

  • Idade: 48 anos
  • Naturalidade: São Paulo (SP)
  • ResidênciaSanta Bárbara d'Oeste (SP)
  • Função na organização: Chefe do núcleo Restrita 05 e responsável pela organização, financiamento, planejamento e execução do sequestro/atentado.
    Conforme as investigações da PF, um dos sinais de sua chefia era o fato de ostentar bens de alto valor, o que só ocorre com os integrantes do topo da pirâmide da facção criminosa.
    "Vale destacar que esse patrimônio encontra-se em nome de terceiros, inclusive alguns com passagens criminais", acrescenta o relatório de investigação. O registro em nome de outras pessoas (laranjas) seria para despistar eventuais investigações.
    As investigações também apontam que Nefo tinha três companheiras, que tinham diferentes funções dentro da quadrilha.

  • Idade: 48 anos
  • Naturalidade: Taboão da Serra (SP)
  • Residência: Guaraujá (SP)
  • Função na organização: Chefe do núcleo Restrita 05 e responsável pela organização, financiamento e planejamento do sequestro/atentado.
    Segundo a PF, ele era conhecido assaltante de bancos, com vasta ficha criminal e era conhecido por ações violentas. "A participação dele em videoconferência com Janeferson e demais comparsas reforça ainda mais a participação de chefes [...] nas referidas ações que, pela evidente repercussão, necessitam de aval superior", acrescenta.
    Durante quebras de sigilo, ele foi identificado em ligação de vídeo com integrantes da Restrita 05.

g1 não conseguiu contato com as defesas dos dois até a última atualização desta reportagem.

Mortos durante soltura para banho de sol

De acordo com as informações repassadas ao g1 pelo promotor de Justiça Lincoln Gakiya, integrante do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) - uma das autoridades visadas no plano criminoso -, as execuções de Nefo e Rê ocorreram após o almoço, durante a soltura dos presos para o banho de sol, na P2.

Ainda segundo Gakiya, Nefo foi levado para o banheiro do presídio, onde outros detentos o mataram a facadas. Em seguida, os mesmos presos atacaram Rê no pátio da unidade, onde o executaram também a facadas.

Dois presos foram executados dentro da Penitenciária 2, em Presidente Venceslau (SP) — Foto: g1
Dois presos foram executados dentro da Penitenciária 2, em Presidente Venceslau (SP) — Foto: g1

Após as execuções, os três suspeitos se entregaram e assumiram a autoria dos assassinatos.

O promotor Lincoln Gakiya afirmou que ainda não foi esclarecida a motivação para as execuções de Nefo e Rê. A Polícia Civil investiga as mortes e a Polícia Científica compareceu ao presídio para realizar a perícia no local dos crimes.


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