VEJA teve acesso a detalhes do depoimento prestado à Polícia Federal pelo general Gustavo Dutra, que chefiava o Comando Militar do Planalto no dia das invasões do 8 de janeiro.
Lula havia ordenado a retirada ainda naquela noite do acampamento erguido perto do quartel-general do Exército e a prisão dos envolvidos no ataque. Os governistas exigiam o cumprimento das ordens de Lula, mas Dutra insistia que não se tratava de boa ideia e defendia o adiamento da operação para a manhã seguinte.
Em uma tensa conversa por telefone com Dutra, Lula repetia: “São criminosos, general! Tem que ser todo mundo preso”. Na terceira vez, o militar fez uma ponderação. “Presidente, estamos todos indignados, hoje é um dia triste para o Brasil. Mas, até o momento, nós só estamos lamentando danos ao patrimônio. Se nós entrarmos agora, sem coordenação, vai morrer gente. O senhor quer isso?”.
Lula, então, mudou o tom. “Seria uma tragédia”, ele disse. “General, cerca todo mundo, não deixa ninguém sair da praça e prende todo mundo amanhã.” O general agradeceu a compreensão e desejou boa-noite ao presidente da República.
A retirada do acampamento já havia sido discutida por José Múcio, ministro da Defesa, com o então comandante do Exército, Júlio César de Arruda, antes do dia 8. “Aqui ninguém mexe”, dizia o general, que manteve a posição após a invasão. Segundo auxiliares de Lula, o general agiu assim para impedir que parentes de militares que estavam no local fossem presos. Arruda foi demitido por Lula duas semanas depois dos atos.
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