O presidente do Senado,
Eunício Oliveira, e as senadoras da oposição, Fátima Bezerra, Gleisi Hoffman e
Vanessa Grazziotin - Givaldo Barbosa / Agência O Globo
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O presidente do Senado
Federal, Eunício Oliveira, reabriu, às 18h34, a sessão e deu início à votação
do projeto da reforma trabalhista, após as senadoras da oposição Gleisi
Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Fátima Bezerra (PT-RN) e
Regina Souza (PT-PI) ocuparem a Mesa do plenário do Senado por quase oito
horas. Somente às 18h44, o presidente conseguiu fazer a senadora Fátima se
levantar de sua cadeira.
— Deus me deu esse sentimento
da paciência porque todo democrata tem que ser paciente. Como eu disse, palavra
eu cumpro, embora não estejam cumprindo comigo. Eu vou dar o encaminhamento de
líderes e no destaques eu vou dar encaminhamento aos inscritos — disse Eunício.
Os senadores da oposição
protestaram com gritos e pediram a palavra para discutir e encaminhar os votos.
Eunício foi irônico e disse que não pode dar a palavra à oposição porque, como
não está na sua mesa, não pode ligar os microfones:
— As senhoras senadoras
tomaram conta da mesa e eu não tenho como abrir o microfone pro senhor. E eu
não vou dar o meu. A senadora Fátima não me permite abrir o microfone para o
senhor.
Em protesto contra a votação
da reforma trabalhista, as senadoras da oposição Gleisi Hoffmann (PT-PR),
Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) , Fátima Bezerra (PT-RN) e Regina Souza (PT-PI)
ocuparam a Mesa do plenário do Senado na manhã desta terça-feira e impediram
que o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), desse início à sessão.
Ele suspendeu a sessão e desligou luzes e microfone da casa.Foto: ANDRE COELHO
/ Agência O Globo
O plenário do Senado ficou
totalmente às escuras. Para se movimentar, as pessoas precisaram
Eunício disse que os
encaminhamentos terão que ser feitos "no grito". Encaminharam
positivamente (pela aprovação da reforma) até agora PSDB, PP, DEM, PTB, PR e
PSD.
A senadora Gleisi Hoffmann
(PT/PR) se posicionou atrás da cadeira em que o presidente estava sentado e
gritava no ouvido do senador que ele precisava abrir o microfone da tribuna.
Eunício desligou o próprio microfone e se levantou para tentar novamente sentar
em sua cadeira.
Mais cedo, o protesto levou o
presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que chegou para comandar a
sessão da reforma trabalhista e tentou conversar com as senadoras, a suspender
os trabalhos e a desligar todas as luzes da Casa — que foram reacesas por volta
das 16h30m. Dispostas a ficar o quanto for necessário, as senadoras pediram,
inclusive, marmitas, que foram abertas na própria mesa.
A manifestação, porém, pode
ter um efeito contrário do que as senadoras pretendiam. O vice-presidente da
Casa, Cássio Cunha Lima (PSDB/PB), por exemplo, disse que tinha intenções de
devolver o texto à Câmara, mas que o ato o fez mudar de ideia:
— Essa é uma atitude
populista. Eu até queria dar um passo adiante para devolver a matéria para a
Câmara. Mas nesse ambiente, até a disposição que eu tinha, se arrefece. Não dá
para premiar, estimular esse tipo de conduta. Estamos diante de uma cena
inimaginável, deplorável.
O maior problema é em relação
ao mérito do projeto de lei: as senadoras querem que haja acordo para aprovar
um destaque ao texto para derrubar o artigo que permite a gestantes e lactantes
trabalharem em locais insalubres. O governo, no entanto, não quer fazer nenhuma
alteração diretamente no texto, para que ele não tenha que voltar à Câmara dos
Deputados.
Várias tentativas de acordo
têm sido levantadas. A negociação tem se dado sobretudo com o senador Paulo
Paim (PT/RS), mas ainda não há consenso.
— Em relação a mulheres já
existe um indicativo claro de veto em relação a isso — completou Cássio.
O Globo
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