quarta-feira, 12 de julho de 2017

Eunício reabre sessão e coloca reforma trabalhista em votação


O presidente do Senado, Eunício Oliveira, e as senadoras da oposição, Fátima Bezerra, Gleisi Hoffman e Vanessa Grazziotin - Givaldo Barbosa / Agência O Globo
O presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira, reabriu, às 18h34, a sessão e deu início à votação do projeto da reforma trabalhista, após as senadoras da oposição Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Fátima Bezerra (PT-RN) e Regina Souza (PT-PI) ocuparem a Mesa do plenário do Senado por quase oito horas. Somente às 18h44, o presidente conseguiu fazer a senadora Fátima se levantar de sua cadeira.
— Deus me deu esse sentimento da paciência porque todo democrata tem que ser paciente. Como eu disse, palavra eu cumpro, embora não estejam cumprindo comigo. Eu vou dar o encaminhamento de líderes e no destaques eu vou dar encaminhamento aos inscritos — disse Eunício. 

Os senadores da oposição protestaram com gritos e pediram a palavra para discutir e encaminhar os votos. Eunício foi irônico e disse que não pode dar a palavra à oposição porque, como não está na sua mesa, não pode ligar os microfones:
— As senhoras senadoras tomaram conta da mesa e eu não tenho como abrir o microfone pro senhor. E eu não vou dar o meu. A senadora Fátima não me permite abrir o microfone para o senhor.
Em protesto contra a votação da reforma trabalhista, as senadoras da oposição Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) , Fátima Bezerra (PT-RN) e Regina Souza (PT-PI) ocuparam a Mesa do plenário do Senado na manhã desta terça-feira e impediram que o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), desse início à sessão. Ele suspendeu a sessão e desligou luzes e microfone da casa.Foto: ANDRE COELHO / Agência O Globo
O plenário do Senado ficou totalmente às escuras. Para se movimentar, as pessoas precisaram
Eunício disse que os encaminhamentos terão que ser feitos "no grito". Encaminharam positivamente (pela aprovação da reforma) até agora PSDB, PP, DEM, PTB, PR e PSD.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR) se posicionou atrás da cadeira em que o presidente estava sentado e gritava no ouvido do senador que ele precisava abrir o microfone da tribuna. Eunício desligou o próprio microfone e se levantou para tentar novamente sentar em sua cadeira.
Mais cedo, o protesto levou o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que chegou para comandar a sessão da reforma trabalhista e tentou conversar com as senadoras, a suspender os trabalhos e a desligar todas as luzes da Casa — que foram reacesas por volta das 16h30m. Dispostas a ficar o quanto for necessário, as senadoras pediram, inclusive, marmitas, que foram abertas na própria mesa.
A manifestação, porém, pode ter um efeito contrário do que as senadoras pretendiam. O vice-presidente da Casa, Cássio Cunha Lima (PSDB/PB), por exemplo, disse que tinha intenções de devolver o texto à Câmara, mas que o ato o fez mudar de ideia:
— Essa é uma atitude populista. Eu até queria dar um passo adiante para devolver a matéria para a Câmara. Mas nesse ambiente, até a disposição que eu tinha, se arrefece. Não dá para premiar, estimular esse tipo de conduta. Estamos diante de uma cena inimaginável, deplorável.
O maior problema é em relação ao mérito do projeto de lei: as senadoras querem que haja acordo para aprovar um destaque ao texto para derrubar o artigo que permite a gestantes e lactantes trabalharem em locais insalubres. O governo, no entanto, não quer fazer nenhuma alteração diretamente no texto, para que ele não tenha que voltar à Câmara dos Deputados.
Várias tentativas de acordo têm sido levantadas. A negociação tem se dado sobretudo com o senador Paulo Paim (PT/RS), mas ainda não há consenso.

— Em relação a mulheres já existe um indicativo claro de veto em relação a isso — completou Cássio.
O Globo

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