Daísa Alves
Repórter Tribuna do Norte
O Rio Grande do Norte
alcança a lamentável marca de 1.000 homicídios nesta sexta-feira, 18 – e
ainda foram somados mais três casos até a manhã deste sábado, 19.
Comparado ao mesmo período do ano passado, foram 11% a mais de mortes
associadas a ação criminosa. Somente na Região Metropolitana de Natal
ocorreram 605 homicídios, e na capital potiguar 336.
Os dados são da Comissão
Estadual de Direitos Humanos, com informações da guia de delegados,
boletins de ocorrência e entradas no Instituto Técnico-Científico da
Polícia do RN (Itep).
Júnior Santos
População convive diariamente com a violência. Neste mês de julho já ocorreram 103 homicídios
Entre a nongentésima e
milésima vítima houve um curto período de apenas 16 dias. Em julho já
ocorreram 103 homicídios no Estado, apresentando uma taxa de mais de 5
mortes por dia neste mês. A morte número mil foi o caso do suspeito de
assalto, Kledson Hananel de Lima Fernandes, 23, que morreu após troca de
tiros com a Polícia Militar, entre Parnamirim e São José de Mipibu.
Mas, a mais recente, até o fechamento desta edição, foi o caso em Nova
Descoberta. Wanxsoel Derik França Teixeira, 24 anos, já respondia por
um homicídio e foi morto após briga em festa junina no bairro.
Destes homicídios, 85%
foram vítimas de arma de fogo, 8,3% de arma branca, 2,2% dos casos foram
vitimadas por espancamento, e a mesma proporção foram usados outros
métodos não catalogados pela pesquisa. Já, 1,4% de ações contundentes
com objetos, como pedras, paus, barras de ferro.
Das vítimas
identificadas, a maioria é homem, solteiro, negro, e da região leste do
Estado, com 63% dos casos. Onde, inclusive, está localizada Natal, a
cidade com maior índice do crime em todo o Estado. Quase 60% das vítimas
pertencentes à faixa etária compreendida entre 15 e 29 anos de idade,
as acima dessa faixa 32,3%, ou seja, 61,1% pertenciam à população jovem
do Estado.
Somente a capital
potiguar computa 336 – a segunda cidade colocada é Mossoró com 98 casos.
Sendo seguido por Parnamirim com 84, São Gonçalo do Amarante com 46,
Macaíba com 35. Nestas estatísticas da Comissão, mais de dez casos não
fazem parte do estudo, por falta de informações de confirmação.
Para Ivênio Hermes,
pesquisador da Comissão de Direitos Humanos do RN, os índices mostram a
necessidade de se repensar as ações de segurança no Estado. “Esse
aumento de onze porcento significa que as políticas públicas criadas
para o Estado não tem funcionado. As autoridades já deviam ter repensado
suas ações”, avalia.
Para ele, a
interiorização não “existiu”, foi apenas “uma troca de efetivo. O
aparato tecnológico do ITEP também não teve sucesso, pois “continua sem
os equipamentos e precisando enviar exames de dna para outros estados”.
Ele ainda alerta que falta policiamento ostensivo e diferenciado,
especialmente utilizando as estatísticas.
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