A cultura santoantoniense perdeu sua maior referência e está mais pobre. Faleceu na manhã desta quarta-feira (29), o poeta João Gomes Sobrinho, o Xexéu, aos 81 anos. Ele recentemente passou um período internado por problemas respiratórios e recebeu alta hospitalar. O poeta teve seu livro “Cantos da Manhã” lançado recentemente, em um evento em que reuniu grandes artistas e nomes da cultura de todo o Rio Grande do Norte, por ocasião do Dia Nacional da Poesia, comemorado em 14 de março.
Xexéu nasceu no Sítio Lajes e aprendeu a cantar assistindo a outros cantadores de viola. Reconhecido na sua área, ele recebeu o diploma de declamador de cultura popular e o certificado de mestre pela Fundação José Augusto, bem como foi agraciado como Patrimônio Imaterial da Cultura Popular do Rio Grande do Norte e pertence à Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel, ocupando a cadeira número 30, cujo patrono é o poeta Luiz Souza da Costa Pinheiro.
Apesar da vocação pelo mundo das letras, Xexéu frequentou a primeira sala de aula somente no final da década de 1950, quando passou um período morando em Recife-PE. Ele recorda que andava por todos os lados com um livrinho do ABC dentro do chapéu, quando criança, pois seu sonho era ler e escrever. Então, ao notar sua inteligência e interesse pela escrita, um amigo de seu pai o levou para viver na capital pernambucana durante a juventude. Contudo, com o adoecimento do pai, retornou à terra natal com o curso ginasial e cada vez mais interessado pela poesia.
Ao longo de oito décadas de vida, ele contabiliza hoje que já escreveu mais de 800 poemas de cordel, abordando diversos temas como a cidade e o sítio onde nasceu, em Minha terra; suas referências musicais, no poema Cem anos sem Gonzagão; assim como temáticas de cunho social, como em A terra pede socorro, A farsa do passe livre ou O retirante da seca, rimas que revelam sua consciência sobre a preservação da natureza, transporte público ou a seca do Sertão, respectivamente.
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