É uma tentação, né? Afinal, cada nota de 1 real custa só nove centavos
para ser produzida... Bem, teoricamente, até daria para o governo tentar
essa malandragem - isso se os burocratas conseguissem enganar o mercado
financeiro e o Congresso Nacional, que possuem instrumentos para
descobrir quando o governo está imprimindo dinheiro "do nada". Mas, no
final das contas, fabricar mais moedas seria um problema, não uma
solução. A razão é simples: o excesso de grana em circulação elevaria os
preços das mercadorias e detonaria o equilíbrio da economia. Em outras
palavras, sair criando dindim gera inflação, a inimiga número 1 de dez
entre dez economistas. "Se o segredo fosse só imprimir moeda, não
haveria países pobres", diz o economista Carlos Alberto Ramos, da
Universidade de Brasília (UnB). Na economia, é necessário que a balança
da produção de bens de um país e a quantidade de dinheiro fique sempre
equilibrada. Uma economia saudável cresce porque o volume de mercadorias
fabricadas e a quantidade de dinheiro aumentam juntos. Agora, se o
governo resolve fabricar mais moeda enquanto a produção permanece a
mesma, os preços sobem! Um exemplo bobinho ajuda a entender essa
relação: suponhamos que o botijão de gás custe 10 reais e que cada
trabalhador receba uma ajuda também de 10 reais para comprá-lo. Se o
governo resolver dobrar o valor da ajuda - imprimindo mais grana, por
exemplo -, esse montão de dinheiro novo na praça poderia até impulsionar
a economia, mas só por um curto prazo. Logo depois, os comerciantes
percebem que o povão está com mais dinheiro e aumentam o preço do gás.
"As pessoas até podem ser enganadas por um tempo com esse truque. Mas,
se ele for repetido, logo se percebe que o aquecimento da economia é
artificial", afirma o também economista Marcelo Moura, da faculdade
Ibmec de São Paulo. Por causa disso, hoje em dia a Casa da Moeda acaba
imprimindo dinheiro mais para substituir as notas velhas e rasgadas que
para injetar grana extra no mercado. Mesmo assim, é um volume
considerável de dinheiro que vai para a rua todo ano: em 2003, 964
milhões de cédulas foram destruídas e trocadas por outras novinhas.
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