Na primeira semana depois das
eleições, o Congresso Nacional deu um claro recado à presidente reeleita
Dilma Rousseff (PT): derrubou o decreto bolivariano que
criava conselhos populares em órgão públicos, convocou ministros e a
presidente da Petrobras, Graça Foster, para prestar esclarecimentos em
comissões e ensaia desengavetar propostas que causam dor de cabeça ao
Planalto, como o chamado Orçamento Impositivo. Para Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara dos Deputados, Dilma precisa saber
“conversar e “compartilhar mais” já nos próximos dois meses, quando
encerra seu primeiro mandato. “Não pode ser como vinha sendo: o PT
escolhendo o que quisesse, principalmente os melhores ministérios, e
deixando o resto para os outros. Não pode e não deve ser assim. A
presidente Dilma tem dois meses para provar que as coisas não vão ser
assim”, afirmou. Depois de onze mandatos na Câmara, Alves foi derrotado
na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte e ficará sem mandato em
janeiro. Nos últimos dias, seu nome passou a figurar na bolsa de apostas
do futuro ministério de Dilma, o que ele descarta. Mas, como reza o
anedotário político de Brasília, quando se quer um cargo de ministro, o
melhor a fazer é afirmar justamente o contrário – diz a máxima que, a
partir daí, seu nome passará ser lembrado constantemente. Leia a
entrevista ao site de VEJA.
Como o senhor viu o apoio de Lula ao seu adversário Robinson Faria (PSD) na disputa ao governo do Rio Grande do Norte? Eu
fui surpreendido. O Lula nunca tinha visto o Robinson na vida.
Esqueceram de avisar que o Robinson que ele apoiou neste ano é o mesmo
contra quem ele gravou em 2010. Se amanhã passar ao lado, acho que o
Lula nem o reconhece mais. Enquanto eu era líder do PMDB, sempre que
havia uma votação importante, o Lula me chamava para conversar e para
negociar. Agora, ele grava uma entrevista em um formato de bate-papo
elogiando o Robinson, dizendo que ele vai mudar o Rio Grande do Norte.
Isso foi decisivo para a derrota, foram muitas inserções ao longo de
vários dias.
O senhor chegou a procurar o PT pedindo que as gravações não se repetissem no segundo turno? Eu
procurei o Michel Temer, que na hora telefonou para o Lula pedindo para
que não gravasse mais. Tudo bem que a chapa do Robinson estava com o PT
para o Senado, mas no plano nacional eu estava com a Dilma. Depois que
pedi para pararem, foi quando usaram as propagandas desbragadamente. O
Lula não deve ter feito nenhum gesto para pararem de usar. O Temer
também procurou o Rui Falcão, mas não adiantou. Ficou uma coisa muito
constrangedora. O Lula ia lá toda hora e classificava o outro candidato
como a mudança. Mas sou eu que o conheço, eu que o ajudei, que fui o seu
parceiro.
Então como fica a relação entre o PT e o senhor depois destas eleições? A
Dilma teve outro comportamento. Eu disse que ela poderia ir lá no
Estado que todos estaríamos ao lado dela. Mas também disse que ia
entender se ela achasse melhor não ir, e ela realmente não foi. Não
tenho nada a reclamar dela. Mas, com o Lula, eu vou fazer o quê? Tem de
ter maturidade e experiência para virar essa página. Eu reconheço que a
participação dele foi muito importante para o resultado eleitoral. Mas,
com ressentimentos, ficamos menores. E eu não quero ficar menor com
isso.
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