Esquema vendia soltura de bandidos no Ceará por até R$ 150 mil
Casos ocorrem nos plantões do Tribunal de Justiça, domingos e feriados.
Dois desembargadores estão entre os acusados de manter esquema.
O presidente do Tribunal de Justiça do Ceará, Luiz Gerardo Pontes,
admitiu na última segunda-feira (14/04/2014), haver a compra de habeas corpus para
soltura de presos nos plantões do tribunal. A suspeita é que a venda de
habeas corpus ocorre nos fins de semana e nos feriados, durante os
plantões do Tribunal de Justiça. Segundo o tribunal, a liminar de
soltura era vendida por até R$ 150 mil.
"A palavra esquema é muito forte, temos indícios de que há uma rede
organizada para conceder liminares criminais. Dois desembargadores são
investigados pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) . Há elementos
também que incriminam advogados", diz Luiz Gerardo.
Segundo o Tribunal de Justiça, os indícios de fraudes foram levantados a
partir da grande movimentação de advogados que buscam a soltura de
clientes nos fins de semana. Em um dia normal de movimentação, o TJ
costuma receber 15 pedidos de soltura; nos fins de semana e feriados,
esse número sobe para uma média de 70 pedidos.
O Conselho Nacional de Justiça investiga o caso, entre eles, dois
desembargadores do Ceará. Os nomes não foram revelados para não
atrapalhar as investigações. Ainda segundo Luiz Gerardo, um dos
beneficiados no esquema de compra de habeas corpus é Márcio Gleidson, da
Silva, preso em 10 de março. Gledson é acusado de matar um policial e o
amigo, em junho do ano passado, e também de chefiar quadrilhas de
tráfico de droga no Ceará.
O CNJ faz um mapeamento dos casos de solturas sob suspeita. Segundo
Luiz Gerardo, o esquema de venda de habeas corpus ocorre no Ceará desde
2011. O mapeamento do Tribunal de Justiça foi concluído para o ano de
2013, quando ocorreram dezenas de irregularidades, segundo o presidente
do Tribunal.
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