Foto: Alex Regis
Deputado Gilson Moura poderá enfrentar um novo processo
Ao mesmo tempo, teria se
comprovado a existência de contornos criminais, relatados em inquérito
policial transcorrido paralelamente ao civil. É aí onde se insere a
figura de Ronaldo Gomes, então delegado-geral da Polícia Civil do RN
(PC/RN). O MPE sustentou que o delegado usou da autoridade que detinha à
frente da PC/RN para prejudicar a atuação no caso da Delegacia
Especializada em Investigação e Combate ao Crime (Deicor). A ação da
Deicor visava desbaratar o esquema de gratificações e diárias de
funcionários no âmbito do Ipem/RN.
Segundo os promotores, a
designação do delegado Matias Laurentino para a condução do inquérito
na Deicor desagradou os protagonistas das fraudes no Ipem. E diante de
um pedido do deputado Gilson Moura, Ronaldo Gomes teria substituído o
Laurentino da Delegacia e, conseqüentemente, da investigação. O MPE
assinalou que Laurentino adotou uma linha de ação arrojada, para
desbaratar o esquema.
Interceptações
Em uma das conversas
interceptadas, após autorização judicial, Rychardson de Macedo Bernardo e
Daniel Vale Bezerra (então assessor jurídico do Ipem), teriam
transparecido o incômodo com a conduta investigativa adotada pelo
delegado Matias Laurentino, especialmente porque este se debruçou sobre
os contratos celebrados pelo Ipem, bem como sobre o pagamento
indiscriminado de diárias a diversas pessoas. A conversa revelaria o
receio de que o esquema criminoso, até então clandestino, viesse à tona.
E veio, com a deflagração da Operação Pecado Capital.
Os promotores disseram
que “curiosamente, no dia 02 de abril de 2011 (sábado) foi publicada no
Diário Oficial do Estado a Portaria 374/2011, do delegado geral da
Polícia Civil, dispensando o delegado Matias Laurentino da Deicor”. O
envolvimento de Ronaldo Gomes, já patente nas interceptações
telefônicas, tomou concretude após depoimento de delação premiada de
Richardson Macedo.
Delação
Ao prestar depoimento de
delação premiada, Richardson Macedo revelou parte do esquema. Ele
disse, por exemplo, que preocupado com os rumos da investigação,
telefonou para o deputado Gilson Moura no intuito de informá-lo que o
inquérito, inicialmente a cargo do delegado Júlio Rocha, estava sob o
comando de Matias Laurentino. E frisou que “este estava voltando seus
olhos para o esquema do posto”. Ainda segundo Richardon, o deputado
prometeu resolver o problema com o delegado e que isso seria possível
procurando o delegado-geral que, na época, era Ronaldo Gomes. Dias
depois, revelou ainda Richardson, conversou novamente com Gilson Moura. O
parlamentar, então, teria informado que já havia contactado com Ronaldo
e que este havia prometido resolver o problema.
O Ministério Público
pediu a condenação dos três envolvidos por improbidade administrativa.
Se aceito pela Justiça, terão que ressarcir integralmente o dano. E,
ainda, a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de
três a cinco anos, pagamento de multa civil e proibição de contratar com
o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais por três
anos.
Fonte: Tribuna do Norte
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