.
Ainda foi destaque na edição deste
domingo (09) do Jornal Tribuna do Norte o depoimento do jucurutuense,
Danilo Santos da Silva, 22 anos.
.
Confira:
.
O corpo franzino de Danilo Santos da
Silva, 22 anos, denuncia os mais de quatro anos de vício em vários tipos
de drogas. Natural de Aracaju/SE, Danilo foi morar em Jucurutu logo
cedo. Aos 18 anos, experimentou o primeiro cigarro de maconha. O
“barato” da erva logo não mais o satisfazia. “Queria algo mais forte”,
diz. E para se satisfazer, buscou drogas mais pesadas.
.
Chegou a experimentar cocaína, mas foi a
pedra do crack onde o vício se acentuou. “Aí foi minha destruição”,
conta. Foi morar na cidade onde nasceu e lá aprendeu o ofício de
marceneiro. Com o dinheiro que ganhava, comprava a droga. Durante um
momento de lucidez, encontrou uma jovem com a qual namorou, casou e teve
um filho. Passou algum tempo longe das drogas, mas o corpo exigia novas
experiências.
.
Voltou para Jucurutu com a família
constituída no estado sergipano. Na casa dos pais, Danilo teve a
oportunidade de “ficar limpo”, mas as facilidades no interior eram
inúmeras e foi fácil “cair em desgraça” mais uma vez. A esposa foi
embora e levou o filho. “Perdi o que tinha de mais precioso”, lamenta.
.
Danilo nunca foi preso e diz que só
furtou produtos de dentro de casa. Já foi internado duas vezes em casas
de acolhimento para dependentes químicos – em Macau e Caicó – e quer,
mais uma vez, largar o vício. Vai para a casa de acolhimento na Paraíba,
através do projeto “Jucurutu unido contra as drogas” e acredita que,
dessa vez, vai dar certo. “Quero voltar a ver meu filho, conquistar
minha família de volta. Já me deram várias oportunidades e não
aproveitei. Dessa vez, será diferente”, afirma.
.
Tribuna do Norte – O avanço do tráfico
aliado à omissão por parte dos poderes públicos constituídos fizeram o
município de Jucurutu, a 262 quilômetros de Natal, se transformar em
campo fértil para a bandidagem. Os grupos liderados por traficantes
disputavam o espaço e, mesmo detido, um traficante da cidade chegou a
liderar uma ofensiva contra a Polícia Militar que terminou com uma
viatura incendiada. Houve revide por parte dos policiais. A sociedade
civil também orquestrou um levante contra a violência e seu principal
combustível. Há alguns meses, instituiu o projeto “Jucuturu unido contra
as drogas”. Até o fim deste ano, os líderes do movimento esperam
contabilizar resultados positivos.
.
O dia 14 de outubro do ano passado ficou
marcado na história dos jucurutuenses. Na madrugada daquela
quarta-feira, as polícias Civil e Militar deflagraram a “Operação Leite
de Pedra” que culminou com o cumprimento de onze mandados de prisão
preventiva e um mandado de apreensão de adolescente. Participaram da
operação policiais civis de todo o Estado e Policiais Militares do 6º
BPM e da Cavalaria de Caicó.
.
A maioria dos presos na operação tem
relação com crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico.
Entre os detidos está Cássio Augusto Souza, vulgo “Cassinho”, conhecido
por “tocar o terror” e comandar o tráfico no município.
.
O nome da operação é simbólico e tem
duas interpretações. A primeira, faz referência ao fato da ação ter
ocorrido ao mesmo tempo que a Polícia Civil vivenciava mais uma greve.
Outra interpretação – esse mais emblemática – nos leva a história
contada pelos policiais. “Quando a gente pegava um traficante com
dinheiro, ele dizia que era pecuarista e o dinheiro foi adquirido com a
venda de leite. A gente sabia que isso não era verdade”, explica um
agente. “Aquilo era dinheiro da venda de pedra de crack”, completa.
.
Poucos dias após a deflagração da
operação, um policial militar resolveu tentar unir forças para acabar de
vez com os problemas relacionados à droga na cidade. “Jucurutu unido
contra as drogas” é a continuação de um outro projeto, o “Polícia
Mirim”, que já foi coordenado por José Walter Alves Clemente, 34 anos.
“O primeiro projeto é voltado para adolescentes de 10 a 15 anos. Percebi
que estava na hora de atingir outros setores da sociedade. Era preciso
união de outras forças”, esclarece o policial.
.
Prefeitura, Ministério Público, Polícias
Civil e Militar, Tribunal de Justiça, instituições religiosas e
imprensa local abraçaram a causa. Há quatro meses, o projeto está nas
ruas. São faixas e cartazes com frases de apologia ao combate às drogas.
Mas não é só isso. Os organizadores vão visitar as escolas do município
e – na ação mais pontual do projeto – a Prefeitura disponibiliza o
encaminhamento de 10 pessoas para um casa de acolhimento para
dependentes químicos em Paulista-PB. “Serão encaminhados aqueles que
desejarem o tratamento. Não vamos obrigar ninguém a nada”, lembra José
Walter.
.
Assim como acontece na maioria dos
municípios do Rio Grande do Norte, Jucurutu não conta com uma rede de
assistência para dependentes químicos. A cidade também não figura entre
as 14 que possuem Conselho Municipal Antidroga, mas conta com o empenho
de poucos que querem mudar o cenário. “A gente vai ver o resultado desse
trabalho lá na frente. Espero que no fim do ano a cidade seja outra”,
diz o policial.
.
Segundo o atual delegado da cidade,
Francisco Carvalho, todos as pessoas presas na “Operação Leite de Pedra”
continuam detidas na Penitenciária Estadual do Seridó, “Pereirão”, em
Caicó, onde estão à disposição da Justiça. “Hoje, a situação está mais
tranquila. Ainda temos alguns problemas, mas serão resolvidos em breve”,
avisa o delegado.
.
<<< PUBLICIDADE: >>>
Nenhum comentário:
Postar um comentário