segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

“Jucuturu unido contra as drogas” – Depoimento de Danilo Santos da Silva, 22 anos

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Ainda foi destaque na edição deste domingo (09) do Jornal Tribuna do Norte o depoimento do jucurutuense, Danilo Santos da Silva, 22 anos.
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Confira:
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O corpo franzino de Danilo Santos da Silva, 22 anos, denuncia os mais de quatro anos de vício em vários tipos de drogas. Natural de Aracaju/SE, Danilo foi morar em Jucurutu logo cedo. Aos 18 anos, experimentou o primeiro cigarro de maconha. O “barato” da erva logo não mais o satisfazia. “Queria algo mais forte”, diz. E para se satisfazer, buscou drogas mais pesadas.
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Chegou a experimentar cocaína, mas foi a pedra do crack onde o vício se acentuou. “Aí foi minha destruição”, conta. Foi morar na cidade onde nasceu e lá aprendeu o ofício de marceneiro. Com o dinheiro que ganhava, comprava a droga. Durante um momento de lucidez, encontrou uma jovem com a qual namorou, casou e teve um filho. Passou algum tempo longe das drogas, mas o corpo exigia novas experiências.
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Voltou para Jucurutu com a família constituída no estado sergipano. Na casa dos pais, Danilo teve a oportunidade de “ficar limpo”, mas as facilidades  no interior eram inúmeras e foi fácil “cair em desgraça” mais uma vez. A esposa foi embora e levou o filho. “Perdi o que tinha de mais precioso”, lamenta.
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Danilo nunca foi preso e diz que só furtou produtos de dentro de casa. Já foi internado duas vezes em casas de acolhimento para dependentes químicos – em Macau e Caicó – e quer, mais uma vez, largar o vício. Vai para a casa de acolhimento na Paraíba, através do projeto “Jucurutu unido contra as drogas” e acredita que, dessa vez, vai dar certo. “Quero voltar a ver meu filho, conquistar minha família de volta. Já me deram várias oportunidades e não aproveitei. Dessa vez, será diferente”, afirma.
População e poder público se unem contra as drogas em Jucurutu/RN
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Tribuna do Norte – O avanço do tráfico aliado à omissão por parte dos poderes públicos constituídos fizeram o município de Jucurutu, a 262 quilômetros de Natal, se transformar em campo fértil para a bandidagem. Os grupos liderados por traficantes disputavam o espaço e, mesmo detido, um traficante da cidade chegou a liderar uma ofensiva contra a Polícia Militar que terminou com uma viatura incendiada. Houve revide por parte dos policiais. A sociedade   civil também orquestrou um levante contra a violência e seu principal combustível. Há alguns meses, instituiu o projeto “Jucuturu unido contra as drogas”. Até o fim deste ano, os líderes do movimento esperam contabilizar resultados positivos.
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O dia 14 de outubro do ano passado ficou marcado na história dos jucurutuenses. Na madrugada daquela quarta-feira, as polícias Civil e Militar deflagraram a “Operação Leite de Pedra” que culminou com o cumprimento de onze mandados de prisão preventiva e um mandado de apreensão de adolescente. Participaram da operação policiais civis de todo o Estado e Policiais Militares do 6º BPM e da Cavalaria de Caicó.
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A maioria dos presos na operação tem relação com crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Entre os detidos está Cássio Augusto Souza, vulgo “Cassinho”, conhecido por “tocar o terror” e comandar o tráfico no município.
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O nome da operação é simbólico e tem duas interpretações. A primeira, faz referência ao fato da ação ter ocorrido ao mesmo tempo que a Polícia Civil vivenciava mais uma greve. Outra interpretação – esse mais emblemática – nos leva a história contada pelos policiais. “Quando a gente pegava um traficante com dinheiro, ele dizia que era pecuarista e o dinheiro foi adquirido com a venda de leite. A gente sabia que isso não era verdade”, explica um agente. “Aquilo era dinheiro da venda de pedra de crack”, completa.
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Poucos dias após a deflagração da operação, um policial militar resolveu tentar unir forças para acabar de vez com os problemas relacionados à droga na cidade. “Jucurutu unido contra as drogas” é a continuação de um outro projeto, o “Polícia Mirim”, que já foi coordenado por José Walter Alves Clemente, 34 anos.  “O primeiro projeto é voltado para adolescentes de 10 a 15 anos. Percebi que estava na hora de atingir outros setores da sociedade. Era preciso união de outras forças”, esclarece o policial.
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Prefeitura, Ministério Público, Polícias Civil e Militar, Tribunal de Justiça, instituições religiosas e imprensa local abraçaram a causa. Há quatro meses, o projeto está nas ruas. São faixas e cartazes com frases de apologia ao combate às drogas. Mas não é só isso. Os organizadores vão visitar as escolas do município e – na ação mais pontual do projeto – a Prefeitura disponibiliza o encaminhamento de 10 pessoas para um casa de acolhimento para dependentes químicos  em Paulista-PB. “Serão encaminhados aqueles que desejarem o tratamento. Não vamos obrigar ninguém a nada”, lembra José Walter.
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Assim como acontece na maioria dos municípios do Rio Grande do Norte, Jucurutu não conta com uma rede de assistência para dependentes químicos. A cidade também não figura entre as 14 que possuem Conselho Municipal Antidroga, mas conta com o empenho de poucos que querem mudar o cenário. “A gente vai ver o resultado desse trabalho lá na frente. Espero que no fim do ano a cidade seja outra”, diz o policial.
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Segundo o atual delegado da cidade, Francisco Carvalho, todos as pessoas presas na “Operação Leite de Pedra” continuam detidas na Penitenciária Estadual do Seridó, “Pereirão”, em Caicó, onde estão à disposição da Justiça. “Hoje, a situação está mais tranquila. Ainda temos alguns problemas, mas serão resolvidos em breve”, avisa o delegado.
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